Criptografia

Como proteger informações

A criptografia é a ciência e a prática de proteger informações por meio de transformações que tornam o conteúdo ilegível para quem não possui a chave correta para decifrá-lo. Diferente da esteganografia, que busca esconder a própria existência da mensagem, a criptografia deixa claro que há algo protegido, mas impede que terceiros compreendam seu conteúdo. Seu papel é fundamental para garantir três pilares da segurança da informação: confidencialidade (apenas quem deve pode ler), integridade (o conteúdo não foi alterado) e autenticidade (a origem da informação é confiável).

 

Um dos métodos mais antigos e conhecidos é a cifra de César, usada pelo imperador romano Júlio César para proteger mensagens militares. Ela consiste em deslocar cada letra do alfabeto por um número fixo de posições. Com um deslocamento de 3, por exemplo, “ATAQUE” se transforma em “DWDTXH”. A chave aqui é justamente o número 3. Apesar de engenhoso para a época, esse método é fácil de quebrar hoje, pois existem apenas 25 deslocamentos possíveis, permitindo ataques por tentativa e erro.

 

No século XVI, surgiu a cifra de Vigenère, que trouxe mais complexidade ao uso de deslocamentos. Em vez de um único número, ela utiliza uma palavra-chave. Imagine a mensagem “ATAQUEAMANHA” e a chave “SOL”. A chave é repetida até igualar o tamanho da mensagem, ficando “SOLSOLSOLSOL”. Cada letra da mensagem é deslocada de acordo com a letra correspondente na chave: “S” equivale a 19 posições no alfabeto (A=0), então a primeira letra “A” vira “T”. Esse padrão muda a cada letra, tornando a cifra muito mais resistente do que a de César, já que não existe apenas um deslocamento fixo para quebrar.

 

Com o avanço da matemática e da computação, surgiram as cifras modernas, baseadas no uso de chaves e algoritmos complexos. Na criptografia simétrica, a mesma chave é usada tanto para cifrar quanto para decifrar. Um exemplo é o AES (Advanced Encryption Standard), amplamente utilizado em sistemas bancários, arquivos protegidos e comunicações seguras. Nesse caso, a frase “Transferir 500 para conta X” poderia ser convertida, usando uma chave específica, em algo como “7F4B91AC0E22D9B1C6E31784FA99B3E2”. Sem a chave, o texto é inútil para qualquer interceptador.

 

Já a criptografia assimétrica, como no algoritmo RSA, utiliza um par de chaves: uma pública e uma privada. A chave pública pode ser divulgada para que qualquer pessoa envie informações cifradas para você, mas apenas sua chave privada pode decifrar essas informações. Se alguém cifra “Reunião às 14h” com sua chave pública e obtém “A8C3B0E7F921...”, apenas você poderá ler o conteúdo original. Esse sistema é a base da segurança de conexões HTTPS, assinaturas digitais e do envio seguro de e-mails.

 

Hoje, a criptografia está presente em praticamente todas as áreas digitais. É usada para proteger senhas armazenadas em servidores, garantir a segurança de pagamentos online, impedir espionagem em conversas de aplicativos de mensagens e assegurar que arquivos confidenciais permaneçam inacessíveis sem autorização. Mesmo os métodos antigos, como César e Vigenère, ainda são ensinados em cursos de segurança da informação, pois ajudam a compreender os princípios fundamentais que sustentam as técnicas atuais.

 

Assim, a criptografia percorreu um longo caminho: começou com deslocamentos simples no alfabeto e evoluiu para sistemas matemáticos capazes de resistir até a supercomputadores, permanecendo como uma das ferramentas mais essenciais para a segurança no mundo digital.